segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ENTREVISTA NA ÍNTEGRA COM SERGIO MARONE E FOTOS INÉDITAS!

“PLAY”
Sobre sexo, mentiras e videotape

Depois de seu mais recente trabalho na TV Globo, como Nick, na novela “Caras e Bocas”, o galã Sergio Marone entrou direto para a turnê de seu 5ºespetáculo, “Play – Sobre Sexo, Mentiras e Videotape”.
Indicado ao “Prêmio Shell”, como Melhor Texto, o espetáculo foi eleito pelo jornal “O Globo”(RJ) como uma das melhores peças de 2009. Com autoria de Rodrigo Nogueira, é baseado no filme “Sexo, mentiras e videotape”, de Steven Soderbergh.
A trama envolve um triângulo amoroso, no qual a realidade se confunde com o imaginário. “César” trai a esposa “Ana”, com sua cunhada “Carla”. Neste contexto chega seu amigo “Sérgio”, que irá desestabilizar as relações. Sucesso de crítica no Rio de Janeiro e em São Paulo, “Play” aborda os dilemas de cada indivíduo e suas ansiedades geradoras de conflitos. A transposição do cinema para o palco se tornou possível porque o roteiro cinematográfico permitia a ausência de cenários. A direção é de Ivan Sugahara.
No elenco, além de Marone, estão Maria Maya, Rodrigo Nogueira e Daniela Galli. E como “stand-in”, as atrizes Cintya Falabella e Juliana Mesquita.
 
 


Como foi apresentar o espetáculo “Play – Sobre Sexo, Mentiras e Videotape” em São José dos Campos?
Foi super legal, quase todos os dias o teatro estava lotado. A gente sabia que iria ser bom, mas não logo de cara. Sabíamos que o espetáculo iria pegar...

Por quê? Qual o ponto mais forte do espetáculo?
O texto, sem dúvida nenhuma, porque o tempo inteiro o público se identifica com ele. Às vezes se sente dentro da cena, às vezes se sente espiando de fora, uma coisa meio voyeur. Não existe um momento único de identificação, porque é um texto muito contemporâneo, muito atual, muito moderno, com piadas inteligentes e engraçadas. Em um momento ou outro tem uma “piadinha” mais popular. Mas acho que o público aqui é muito mais disponível que o público de São Paulo. Em São Paulo as pessoas são mais críticas e vai para o teatro ver o que temos para mostrar, e que demora um pouco para amolecer, leva uns dez ou quinze minutos para se entregar à peça. Aqui não, desde o começo o público já torce e está de alguma forma participando do espetáculo. Eles vêm para embarcarem na história e se divertir.

Você iniciou sua carreira como modelo?
Na verdade eu sempre fiz teatro, mesmo antes de trabalhar como modelo. Eu comecei a trabalhar como modelo para pagar meu curso de teatro, depois que sai da faculdade de direito. Estava tudo esquematizado. Eu fiz TAPA, em São Paulo, fazia as oficinas deles até começar a fazer meus testes para televisão. Quando passei, fui para o Rio de Janeiro fazer novela. Mas também já fiz muito teste para teatro. As pessoas não conhecem muito minha história com o teatro, mas “Play” é minha quinta peça. Das últimas quatro pra cá, tive muita sorte, porque umas foram indicadas ao Prêmio Shell, foram bem aceitas pelo público e pela crítica, então me sinto muito privilegiado no teatro.




Então, você é um cara de teatro...
Não, não sou um cara de teatro. Nem tenho a pretensão de dizer isso, mas eu sou privilegiado, por ter recebido bons convites, sempre com gente bacana, gente que aprendo. Já viajei para o exterior, fiz um festival ibero-americano. “Play” foi indicado como melhor texto... Mas não digo que sou do teatro, porque um cara do teatro é o Paulo Autran. Uma mulher de teatro é a Fernanda Montenegro. Eu to aqui começando, engatinhando...

Você trabalhou com moda e faz TV, que também trabalha muito com imagem. Você se sente consumista?
Eu compro o necessário. Faz mais de ano que não compro nada de roupa. Mas compro coisas para minha casa, por exemplo. Não consumir por consumir, se entregar a essa coisa desenfreada que o capitalismo te estimula o tempo inteiro. Você precisa saber o que é essencial e importante para você viver bem. Não dá para buscar felicidade nessas coisas. Eu compro tênis fora, porque calço 46 e há poucas coisas que gosto muito, por isso uso até acabar, gastar o máximo, até cair a sola. Minha faxineira que fica louca comigo, me perguntando se não vou jogar fora. Eu espero cair a sola, esfolar...

Qual é o limite entre sorte e escolha?
Acho que não existe esse limite, não dá para separar. Mas acredito em sorte e acho que precisamos um pouco dela na vida. Tem um filme do Woody Allen, que gosto muito, o “Match Point”, que fala muito sobre a questão da sorte na vida das pessoas. A sorte não tem explicação. Eu tive sorte de morar em São Paulo, ter feito um bom curso de teatro e ter sido convidado para fazer um teste, mas não sei exatamente onde ela está. Um pouco também é projeção, você acaba desejando tanto uma coisa, que ela acaba se concretizando, o universo acaba abrindo as portas para você. Acho que a sorte também está ligada a essa coisa de energia, não sei...



Você foi chamado para seu primeiro teste, que te levou para a TV, ou você a procurou?
Eu sempre a procurei, porque fazia teatro, trabalhava como modelo, fazia publicidade e conhecia bastante gente. E ai ficava sabendo dos testes. Também tinha meu material em agência de atores, e sempre foquei minha carreira de modelo nessa coisa mais de comercial, que é ligada mais à atuação.

Você disse que não podia fazer passarela porque não tinha calça do seu tamanho...
Nem sapato, né? risos

E como foi sua adaptação no Rio de Janeiro?
Não tem como não se adaptar. Agora é mais difícil, com o calor que está fazendo, um verão pior que Senegal. Mas há dez anos não tinha como não se adaptar. Foi uma viagem bem legal, bem doida, porque estava ansioso, já que iria fazer novela e tinha que estar lá uma semana antes para fazer os workshops. E eu não sabia ainda onde iria ficar. Sai de São Paulo na segunda de manhã, porque tinha que estar à tarde no Projac. Acabei não dormindo à noite. Sai de madrugada e cheguei no Rio às 7h. Na época tinha um carrinho pequeno, enfiei tudo dentro, e fui. Cheguei lá, comprei um jornal para começar a dar uma olhada em apartamento para alugar. Cheguei a ver uns quatro na parte da manhã, em Copacabana. Eu queria morar na Zona Sul, mas não dava para pagar, e fiquei deprimido. Acabei contatando um tio meu, e depois de quinze dias morando num flat, na Barra, acabei indo pra casa dele, no Recreio, que era longe de tudo, mas com uma estrutura bacana, empregada etc.

Quem foi a primeira pessoa que você contracenou na TV, com quem você já tinha vontade de trabalhar?
Nelson Xavier foi o primeiro na novela e Sérgio Mamberti um dos primeiros. São dois gênios, muito generosos em cena. Eu me vi em cena com o Nelson, dentro de um Fusca, com o câmera e o rapaz do áudio, e eu fazendo iluminação, porque não cabia outra pessoa no carro. A televisão tem essas dificuldades, e é bom pegar pessoas assim, gênios e generosos, quando está começando. Gente sem vaidade nenhuma. Insegurança todos nós temos, antes de qualquer estreia vamos ficar nervosos.

Qual o próximo projeto depois de “Play”?
Temos coisas agendadas até o mês de agosto. Apresentaremos em Campinas-SP, de 6 a 29 de agosto, todas as sextas, sábados e domingos, no Teatro Parque D. Pedro (Shopping Parque D. Pedro). Então... Por enquanto não estou preocupado com o próximo projeto. Acabei a novela e já emendei na peça. Eu adoro também não ter projeto nenhum para poder descansar.


O que você faz nesses ínterins?
Viajo e estudo. Eu gosto de viajar, passar um tempo fora. Já fiquei três meses morando e estudando na Califórnia. Já fiquei um tempo na Europa, sozinho, e foi ótimo! De mochilão nas costas. Visitei Praga, Amsterdam, esses lugares que você se sente um analfabeto. Lê o nome da rua e não entende nada. É legal você ter que se virar, fazer uma viagem de autoconhecimento, é muito bom conhecer pessoas diferentes, gente interessante. De dez anos pra cá eu viajei bastante sozinho.

Você disse, em uma entrevista na rádio, no “Pânico”, que não se leva a sério. O que isso significa?
Significa ter senso de humor. Por exemplo, quando os humoristas do pânico vêm até você fazer uma piada. O brasileiro, às vezes, leva tudo muito a sério demais, não sabe fazer piada de si mesmo. O americano faz muito isso. Os candidatos (políticos) vão muito a programas de humor, como o Saturday Night Live, zombam deles, mas isso traz popularidade pra eles. Você tem que saber tirar partido disso, levar na boa e se divertir. Tem que levar a sério um projeto que escolheu fazer, aí sim. Sou sério, quero saber quem vai fazer, qual elenco, e se não gostar não vou fazer. Tem que saber a hora certa de levar a sério e de levar com bom humor.

O que te deixa mal humorado?
Trânsito, fome e levantar cedo.

Qual é seu ponto fraco?
As coisas boas de comer. Sou teimoso. Já fui compulsivo com doce. Hoje em dia me policio, ando com barra de cereal na mochila. Doce é meu ponto fraco. Quando começo a comer, vou comendo. “Relaxo” bem quando saio de cena. Em contrapartida, me alimento muito bem de coisas saudáveis.

E qual seu ponto positivo?
Sou um cara tranquilo, paz e amor, sossegado. Não me preocupo com nada, deixo as coisas acontecerem. Pra que me pré-ocupar?


FOTOS: DIEGO MIGOTTO / www.diegomigotto.com

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